O carioca José Luís Runco formou-se com sacrifícios em Medicina. Escolheu o futebol para trabalhar e deu seus primeiros passos do departamento médico de base do Vasco da Gama. Aprendeu muito e começou na prática, no dia a dia, uma trajetória de 36 anos que o levaria ao topo na profissão.
Do Vasco para o Flamengo, ainda na base, passando pelo Botafogo, Runco teve sua primeira experiência na Seleção Brasileira Sub-20, quando se sagrou campeão mundial da categoria. Depois de uma passagem pela seleção iraquiana, até 1986, Runco retornou ao Brasil para se tornar médico dos profissionais do Flamengo, onde trabalha há 33 anos, e é chefe do departamento médico do clube. ,
Especializado em ortopedia, começou a se destacar pelas intervenções cirúrgicas que realizou, muitas delas nos principais craques dos times, recuperando-os para a profissão em situações muito complicadas, quando pareciam destinados a ter de encerrar a carreira precocemente. Para ficar em um exemplo: só Renato Gaúcho passou por cinco intervenções sob as mãos e os instrumentos de Runco..
Ganhando experiência, aliada à natural vocação, Runco foi conquistando o espaço para exercer com competência o seu ofício de tanta importância em um clube de futebol .
A chegada à Seleção Brasileira aconteceu depois da Copa do Mundo de 1998. Seria o passo inicial de uma trajetória marcante, em que ele foi construindo uma reputação que o tornaria peça importante na disputa de quatro Copas do Mundo que se seguiram até chegar ao momento máximo de trabalhar em um Mundial em seu país.
Foram também muitas Copas América, das Confederações, centenas e centenas e centenas de amistosos, viagens por todo o mundo, como chefe do departamento médico da Seleção Brasileira. Em todo esse tempo, Runco consolidou o respeito dos seus pares como também de todos os jogadores que passaram pelo seu crivo médico.
A passagem mais emblemática foi na Copa do Mundo de 2002. Antes ainda, no período de preparação, na Granja Comary, o meia Rivaldo recebeu a visita, em Teresópolis, do médico do seu clube, o Barcelona, que foi enfático nas declarações que prestou à imprensa - ele assegurava que Rivaldo não teria condições de disputar a Copa do Mundo do Japão/Coreia do Sul, pois precisava passar por uma cirurgia.
No mesmo momento, praticamente ao lado de onde o médico espanhol falava, Runco dava declarações que apontavam exatamente no sentido oposto. Para ele, Rivaldo não só não só não necessitava de operação como tinha certeza de que o meia jogaria normalmente a Copa..
Ronaldo era outra interrogação médica na Seleção. Muitos duvidavam da sua recuperação, depois de ter passado por uma impressionante cirurgia de reconstrução de joelho, e questionavam a presença do artilheiro na Copa.
Runco mais uma vez fez valer o seu diagnóstico e o peso da sua decisão. Ele praticamente chancelou a ida de Ronaldo ao Mundial - na verdade bancou que o Fenômeno teria total condições de jogar o seu futebol de artilheiro.
O resto da história é mais do que conhecido. Ronaldo e Rivaldo não só jogaram como foram os destaques da conquista do pentacampeonato mundial, consagrando de vez o trabalho do médico.
Por toda essa credencial, José Luís Runco tem inscrito o nome na galeria dos grandes médicos da Seleção Brasileira, um verdadeiro símbolo, como foram os doutores Hílton Gosling no bicampeonato mundial de 1958-1962 e Lídio Toledo, no tricampeonato de 1970,
Chegamos a 2014, e Runco parece ter dada como cumprida a sua missão. Idealizador, fundador e presidente da Comissão Nacional de Médicos de Futebol, ele quer se dedicar ao trabalho mais de assistência, quer usar toda sua experiência em prol do aperfeiçoamento da medicina esportiva no Brasil.
A Copa do Mundo de 2018 na Rússia, por enquanto, parece mesmo fora de questão. Mas para quem convive com este médico há muitos anos tem o direito de ficar com uma ponta de dúvida.
Fonte: www.cbf.com.br
Acessado em: 09/09/14
Acessado em: 09/09/14
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